PASSOS-Justiça autoriza retirada de milho em poder da Cooral para 30 produtores
Cerca de 30 produtores rurais da região conseguiram na Justiça o direito de retirada do milho que se encontrava em poder da Cooperativa dos Ruralistas de Alpinópolis (Cooral). Desde a última quinta-feira, dia 11 de novembro, um dos silos da cooperativa localizado no Distrito Industrial II, em Passos, foi lacrado a pedido do Poder Judiciário para que fosse realizada a devolução dos grãos aos produtores. No local se encontravam armazenadas 75 mil sacas de milho. A reportagem apurou extraoficialmente que a quantidade não atenderia nem a metade dos produtores atendidos pela Cooral.
De acordo com informações dadas por oficiais de Justiça que acompanharam a liberação dos grãos aos produtores, constavam até essa terça-feira mais de 30 mandados de busca e apreensão expedidos por juízes das comarcas de Passos, Ibiraci e Alpinópolis. A maior parte dos agricultores teria entrado com Ação de Depósito na Comarca de Alpinópolis, onde fica instalada a unidade administrativa da Cooral, que é o meio previsto no Código de Processo Civil brasileiro para alguém que estiver correndo risco de ser lesado reaver bem móvel de sua propriedade depositado em armazéns ou silos graneleiros.
Segundo os ruralistas, a Cooral cometeu uma espécie de “golpe do milho”, recebendo dos produtores toda a produção da safra de 2010 para armazenagem e venda futura, porém teria comercializado os grãos e, no entanto, na hora de fazer os repasses financeiros para os produtores, alegou que não tinha dinheiro.
Superintendente diz que cooperativa tem intenção de pagar, mas de forma parcelada
O diretor superintendente da Cooral, Antonio Marcos Giraldo, garantiu à que tem intenção de pagar a dívida de aproximadamente R$ 5,5 milhões com os mais 330 produtores de milho que colocaram sob o cuidado da cooperativa toda a produção da última safra. No entanto, ele alegou que a Cooral enfrenta uma crise financeira e que só tem condições de quitar as pendências de forma parcelada.
“A nossa proposta aos produtores de milho é de pagamento da dívida em seis vezes com juros de 1%, sendo o primeiro pagamento para o último dia de janeiro de 2011”, declarou o diretor. “Queremos honrar os compromissos, mas renegociando a dívida conforme nossa possibilidade de pagamento”, complementou ele.
Produtores estão sem meios de quitar dívidas
José Custódio de Almeida e Vilma Francisca Santos Almeida são produtores rurais de São João Batista do Glória que firmaram acordo com a cooperativa para armazenamento e venda futura de 4.175 sacas de milho, de 60 quilos cada uma. Segundo o casal, o produto foi entregue no silo em 24 de julho de 2009 e o contrato apontava para uma negociação (venda) em outubro de 2010.
“Agora, no dia 27 de outubro, estivemos lá na Cooral para vender o milho e nos foi informado que a cooperativa não tem dinheiro para pagar, nem o produto para devolver”, contou Vilma, dizendo que conversou diretamente com o diretor-presidente da unidade, Cesomar Passos de Oliveira.
Vilma informa que o valor correspondente ao milho que ela colocou sob a guarda da cooperativa é de R$ 104.417,00, quantia que seria destinada ao Banco do para pagamento do financiamento para investimento na produção do grão. “A família toda está abalada. Não temos outra de renda. Esse dinheiro era para pagar a dívida do financiamento com o banco”, desabafou Vilma, alegando que já contratou advogado para entrar com ação contra a Cooral.
Cooral comprou estrutura em 2008
Em março de 2008 a Cooral anunciou a compra da estrutura de armazenagem de grãos da BJP instalada numa área de 38 mil m² do Distrito Industrial II, em Passos.
Com o negócio fechado, a cooperativa passou a ser a maior em relação à capacidade de estocagem de milho, soja e outros grãos do Sudoeste Mineiro. O valor da compra não foi revelado pelas partes, que afirmaram ser “a maior transação de uma empresa de Alpinópolis” e que correspondeu ao interesse de ambos os lados.
FONTE FOLHA DA MANHA PASSOS.